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27 de novembro de 2014

ENEM e a redação - a fraude no ENEM


Desde a realização do Enem 2014 alguns leitores têm nos enviado mensagens com resumos de suas redações acerca do tema “A publicidade infantil em questão no Brasil” a fim de saberem se cumpriram ou não a proposta de redação da 16ª edição do Exame Nacional do Ensino Médio.
Diante dessa situação, agradeço muito aos  leitores pela participação e gostaria muito de esclarecer essas dúvidas com 100% de certeza, porém é complexo afirmar se houve tangenciamento ou fuga do tema baseado, apenas, em um resumo do texto e sem conhecer a grade de correção que a banca avaliadora está usando. Essa, por sua vez, é complexa, detalhista e “fina”, como se diz em bancas de correção, isto é, cheia de condições que devem ser analisadas pelos corretores.
Desse modo, tudo o que afirmo , em relação às propostas de redação de todas as edições do Enem, é baseado nas provas propriamente ditas e nas publicações do Ministério da Educação acerca do exame, como os Guias do Participante.
Apesar dessa situação obscura, digamos assim, podemos afirmar, com toda a certeza, que o foco das dissertações-argumentativas do Enem 2014 deveria ser a publicidade voltada ao público infantil e sua possível proibição no Brasil. Na verdade, o objetivo dessa proposta de redação era fazer com que o candidato se colocasse contra ou a favor da proibição ou da regulamentação da publicidade infantil no país.
Dentro desse contexto de discussão, obviamente que aspectos como consumismo infantil, influência das mídias, papel da família (pais e/ou responsáveis), papel da escola, papel das agências publicitárias, papel do Estado no sentido de criar normas etc poderiam ser trazidos à tona a fim de atuarem como estratégias argumentativas a favor da tese do candidato – contrário ou favorável à proibição/regulamentação da publicidade voltada às crianças brasileiras.
Realmente, como candidato ou professor de Língua Portuguesa, é difícil saber com 100% de certeza o que a banca esperava em relação ao cumprimento do tema da proposta de redação do Enem 2014, já que, como dissemos anteriormente, a grade de correção é complexa, porém é certo que seguir o recorte temático proposto pelos textos motivadores é um caminho seguro a seguir.
Este recorte temático nos mostra as possibilidades de abordagens que podemos escolher para escrevermos os nossos textos e a principal orientação, não só para o Enem, mas para todas as provas e vestibulares é entender este recorte temático e não citar nada que ele não afirme ou deixe implícito. Por exemplo, como a coletânea de textos motivadores não citava, em nenhum momento, o trabalho infantil na mídia, este não poderia ser o foco da redação do Enem 2014; no máximo poderia ser um argumento secundário a fim de mostrar que ferramentas as agências publicitárias usam para atrair e atingir o público infantil.
Para exemplificar esta questão do recorte temático, utilizaremos a proposta de redação número dois do vestibular 2014 da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC Campinas), já que esta prova sempre traz três propostas de redação e o candidato deve escolher uma para ser escrita.
A seguir, a proposta em questão.
Leia com atenção os textos seguintes:
  1. Todo protesto de natureza política deve ter um objetivo preciso. As insatisfações devem evidenciar-se com clareza, caso contrário haverá a possibilidade de que, numa manifestação pública, muitos gritem sem saber contra o que estão gritando, ou então gritem por um acúmulo de razões que sequer identificam. Tais protestos são inúteis: na falta de um alvo preciso, anulam-se por si mesmos, prejudicando assim manifestações mais justificadas e objetivas.
  2. Quando as insatisfações sociais atingem um certo patamar, é evidente que elas precisam se manifestar. Nas manifestações públicas recentes, nota-se que há uma grande variedade de causas e objetivos, e por isso mesmo elas ganham força de uma luta ampla, por muitas mudanças. É importante que esses protestos se somem, ainda que caoticamente, para que todas as demandas sociais surjam ao mesmo tempo e com a mesma força.
Redija uma dissertação em prosa, na qual você deverá desenvolver argumentos em favor do ponto de vista defendido em um dos textos acima.
Essa proposta apresenta dois textos sobre os protestos de natureza política ocorridos nos meses de junho e julho do ano de 2013 e ambos delimitam o tema na direção da discussão acerca da objetividade e da clareza das manifestações. O texto número um é contra a diversidade de objetivos e o texto número dois é a favor da variedade de causas em manifestações. Assim, o candidato deveria escolher um dos dois textos e escrever uma dissertação-argumentativa em favor do ponto de vista do texto escolhido.
 PUC Campinas afirma que essa proposta pressupõe que o candidato conheça a situação brasileira recente e lembre-se das manifestações populares de rua ocorridas em meados de 2013. Além disso, o documento ressalta que não foi considerado adequado pela banca elaboradora do vestibular e, consequentemente, pela banca corretora abordar, em ambas opções, a violência policial, a depredação dos patrimônios públicos ou, ainda, a participação de grupos como os Blacks Blocks nas manifestações sem vincular ao foco do tema proposto, isto é, à eficácia dos protestos de rua.
Portanto, é de fundamental importância prestar muita atenção ao recorte temático proposto pela coletânea de textos motivadores de qualquer proposta de redação a fim de planejar a redação.




Em entrevista coletiva concedida em Belo Horizonte nesta quarta-feira (26), a Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais confirmaram que a quadrilha presa no último domingo por suspeita de fraudes em vestibulares de Medicina também vendeu pelo menos 15 gabaritos do Exame Nacional do Ensino Médio.
De acordo com as investigações o grupo de criminosos conseguiu os cadernos do Enem 2014 aproximadamente 10 minutos antes da prova, na cidade de Pontes e Lacerda, no interior do Estado do Mato Grosso. Após a rápida resolução do exame por um grupo de estudantes e professores universitários, as respostas começaram a ser transmitidas para os candidatos que haviam comprado os gabaritos.
Conforme detalhado pela Polícia, os gabaritos eram informados através de equipamento eletrônico no qual era usado um dispositivo de telefonia GSM parecido com um cartão de crédito. Os clientes recebiam as informações através de micropontos eletrônicos, momento em que os investigadores interceptaram o sinal e gravaram os áudios.
Aparelhos utilizados pela quadrilha. Imagem: Reprodução/O Globo.
Aparelhos utilizados pela quadrilha. 
O Ministério Público explicou que já identificou dois dos aplicadores do Enem que entregaram as provas para os integrantes da quadrilha minutos antes da prova. Dois participantes do exame que contrataram o esquema também já foram identificados e qualificados, entretanto as investigações indicam que há pelo menos 15 beneficiados.
Como o Enem consiste num concurso nacional, essa parte da operação, chamada de Hemostase II, deve ser direcionada ao Ministério Público Federal. O órgão, juntamente com a Polícia Federal, devem dar continuidade as investigações para descobrir mais possíveis favorecidos com o esquema.
O Inep, instituto responsável pela organização do exame nacional, já entrou em contato com a Polícia Federal solicitando informações.















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