A redação
Estamos diante de um desafio, e não mais diante de um problema dos outros
Por muito tempo, e ainda hoje, as favelas são as maiores referências de desigualdade social que vivemos. Mas, infelizmente, essa realidade envolve muito mais do que um crescimento acelerado de favelas por todos os cantos.
O primeiro item que deve ser levado em consideração e que contribui de maneira significativa com o crescimento das favelas é o modo que a política tem se posicionado em relação a este fator. Onde estão os investimentos para que o cidadão tenha uma condição digna de moradia e social?
Boa parte da população conseguiria associar rapidamente uma resposta a esta pergunta. Os investimentos para que o cidadão esteja incluso em condições dignas de moradia e na sociedade propriamente dita estão no papel.
Vejamos como exemplo, um adolescente de dezesseis anos que mora em uma favela. Certamente ele enfrentará grandes dificuldades para poder se formar na escola, sendo que precisa se deslocar de uma maneira praticamente desumana para o trabalho, trabalho esse que o ajuda a compor uma renda familiar. Este jovem tem grande possibilidade de dar continuidade ao que viveu durante seus dezesseis anos, tendo grande tendência a sofrer com uma desmotivação até que decida não mais se sujeitar a viver num desgaste físico e emocional, projetando sua vida a um comodismo, construindo sua casa na mesma favela onde viveu e manter um circulo vicioso.
A população mais prejudicada de uma sociedade espera que esse problema seja visto e sentido por quem tem o poder de fazer alguma diferença. É preciso tratar essa questão como algo extremamente importante e urgente, afinal, as pessoas que se instalam nas favelas cada vez mais e que as fazem crescer, consequentemente, não sou culpadas por estarem ali.
A análise
A dissertação é bem fraca, pois o texto pouco ou quase nada tem do aspecto argumentativo que é peculiar da dissertação e que, portanto, deveria estar presente. A parte estrutural teria nota zero.
A produção textual até começa bem. O primeiro parágrafo (“Por muito tempo, e ainda hoje, as favelas são as maiores referências de desigualdade social que vivemos. Mas, infelizmente, essa realidade envolve muito mais do que um crescimento acelerado de favelas por todos os cantos.”) traz boas afirmações com riquíssimo potencial para um bom trabalho argumentativo, mas isso não se consolida ao longo do texto.
O segundo parágrafo, também introdutório, começa a levantar o que seria uma das causas da existência das favelas (a falta de investimentos para a construção de moradias dignas para o cidadão, ou ainda, a presença de planos relativos a isso, mas que ficam somente no papel), porém esse tópico não vai adiante, não progride, não resulta em trabalho argumentativo.
O aluno poderia ter “respondido” a questões implicitamente presentes nas próprias afirmações iniciais, questões como “por que as favelas são as maiores referências de desigualdade social em que vivemos?” ou também “por que as favelas refletem mais do que um crescimento acelerado das grandes cidades?”. Se as respostas a essas perguntas estivessem presentes na sua dissertação, o autor não só teria feito um bom texto quanto ao aspecto de gênero, como também teria elaborado uma boa construção textual no quesito temático, inclusive atendendo – extremamente mais e melhor – as próprias instruções da proposta (Instrução “2” – Enfoque a favela num sentido mais amplo da realidade urbana. E “3” – Discuta causas e consequências da existência do fenômeno social dentro das cidades brasileiras).
O cumprimento dessas instruções não se faz presente neste texto. Além disso, grande parte do problema temático e argumentativo dessa produção advém da “escolha” feita pelo autor ao apresentar seus “argumentos” (efetivamente, nem são argumentos) sob a forma de “exemplo” em todo o quarto parágrafo. Esse modo de expor as ideias as tornou deterministas e, portanto, por si sós, fracas, frágeis; como consequência, quase nada produtivas quanto à discussão temática esperada.
O último parágrafo – além de apresentar vários problemas (como o da não retomada, o da presença de ideias novas, não explicadas, não desenvolvidas) e de não ser, efetivamente, uma conclusão traz um “ato falho”, no mínimo curioso: o da presença do “sou” – provavelmente, um equívoco cometido pelo autor ao usar a forma verbal de primeira pessoa do singular do verbo “ser” quando, na verdade, pretendia efetuar uma simples conjugação verbal (verbo “são” concordando com o sujeito “pessoas”).
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