Questão: Está correto o emprego da expressão sublinhada em:
A) Os dicionários são muito úteis, sobretudo para bem discriminarmos o sentido das palavras em cujas resida alguma ambiguidade.
B) O texto faz menção ao famoso caso das cotas, pelas quais muitos se contrapuseram por considerá-las discriminatórias.
C) Por ocasião da defesa de políticas afirmativas, com as quais tantos aderiram, instaurou-se um caloroso debate público.
D) Um dicionário pode oferecer muitas surpresas, dessas em que não conta quem vê cada palavra como a expressão de um único sentido.
E) Esclarece-nos o texto as acepções da palavra discriminação, pela qual se expressam ações inteiramente divergentes.
RESPOSTA: essa questão aborda o uso dos pronomes relativos. Trata-se de um tema muito simples, mas que pode causar confusão. Para usar bem um pronome relativo em uma frase, temos sempre que lembrar: o pronome relativo retoma um termo anterior; sempre que o termo consequente (posterior) exigir, teremos que usar preposição antes do pronome relativo. Vejamos como usar isso na hora H:
Letra A: o pronome relativo “cujo” só pode ser usado quando houver, na frase, uma ideia de posse. Basicamente, você vai tem que poder perguntar ao termo consequente “de quem?”. A resposta a essa pergunta será o termo antecedente, aquele que o pronome retoma. Se a resposta fizer sentido no contexto, deve usar o cujo.
Um exemplo: O homem cujas filhas foram suspensas da escola ficou decepcionado. Termo consequente: filhas. Pergunta-se a ele: de quem? A resposta será do homem. Logo, o termo antecedente, que é retomado pelo “cujas”, é “o homem”. Note que, apesar de retomar o antecedente, o pronome “cujo” deve concordar com o consequente em gênero e número!
No presente caso, perguntamos: resida de quem? A pergunta não faz sentido nenhum! Aqui, precisamos seguir o seguinte raciocínio: quem reside, reside em/no/na. Logo, a preposição “em” ou alguma de suas variações terá que aparecer antes do pronome relativo. Como o termo retomado é “palavras”, poderemos usar “que” ou “as quais”. Antecedidos da preposição mencionada, ficam assim: em que ou nas quais. (… discriminarmos o sentido das palavras em que/nas quais resida alguma ambiguidade.). ALTERNATIVA INCORRETA.
Letra B: o pronome “as quais” retoma “quotas” e pode ser usado. O problema, aqui, reside na escolha da preposição inadequada. Quem se contrapõe, contrapõe-se A algo ou alguém. Logo, tiremos o “pelas” e troquemos pela preposição A: “… caso das quotas, a que/às quais muitos se contrapuseram…”. Atenção: como a preposição exigida é A, se usarmos o pronome relativo AS QUAIS, que já tem o artigo AS no início, deverá haver sinal indicativo de crase, pois A + AS = ÀS. ALTERNATIVA INCORRETA.
Letra C: caso idêntico ao anterior. O problema também é a escolha da preposição. “Aderir” exige complementação introduzida pela preposição A: muitos aderiram às políticas afirmativas. Usando o pronome relativo: “… políticas afirmativas, às quais muitos aderiram..”. ALTERNATIVA INCORRETA.
Letra D: mais uma vez! No sentido em que foi usado, o verbo “contar” rege a preposição “com”. É como diria o Chapolin Colorado: “não contavam com minha astúcia!”. O certo, então, é dizer: “… oferece muitas surpresas, dessas com que não conta quem vê…”. Estaria correto, também, dizer “com as quais não conta”. ALTERNATIVA INCORRETA.
Letra E: nem que fosse por eliminação, chegaríamos à resposta! O raciocínio deve ser o seguinte: ações inteiramente divergentes se expressam pela discriminação. Usando o pronome relativo, temos: “… palavra discriminação, pela qual se expressam ações…”. Foi utilizada, antes do pronome relativo, a preposição que o termo consequente a ele exige! ALTERNATIVA CORRETA!
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