E o leitor fica em dúvida…teria a mulher se expressado corretamente? (ou teria a mulher se expresso correamente?).
A dúvida é frequente, mas o correto é “chegado”, já que o verbo chegar apresenta único particípio na norma culta, tanto no Brasil quanto em Portugal.
Existem alguns verbos com duplo particípio, chamados verbos abundantes. Expressar, imprimir, aceitar e gastar são alguns deles, mas chegar não pertence a esse grupo.
A forma “chego” é uma criação popular presente em diferentes regiões de nosso país, em frases como “Na hora da chamada, eu ainda não tinha chego”, mas essa não é uma forma aceita (e não ‘aceitada’) entre os gramáticos nem tem respaldo na obra de autores renomados.
Outra forma verbal que segue o mesmo padrão de ser ‘fora do padrão’, ou seja, também não tem aceitação pela norma culta é o “trago”, em frases como “Vi que ela tinha trago (por ‘trazido’) o dinheiro”.
Existe, porém, uma regularidade nesse erro: trazer e chegar tem, no presente do indicativo da primeira pessoa do singular, as formas ‘eu chego’, ‘eu trago’, como acontece com os verbos de duplo particípio aceitar, gastar, pagar: “eu aceito / tinha aceito”, “eu gasto / tinha gasto” entre outros.
Bem, agora que sabemos que chegar e trazer NÃO têm duplo particípio, como empregar corretamente os que apresentam essa característica?
O emprego não é aleatório, ou seja, não podemos usar qualquer uma das formas. Devemos observar com atenção o verbo auxiliar com o qual eles formarão uma locução. Assim:
Ou ainda, pensemos assim; quando a frase está na VOZ ATIVA e o verbo, conjugado num tempo composto, empregamos o particípio regular:
O fazendeiro tinha (havia) expulsado o lobo.
O fiel tinha (havia) acendido uma vela.
E quando tivermos uma frase na VOZ PASSIVA, em que se forma locução com o auxiliar ser, teremos o seguinte:
As ovelhas foram mortas pelo lobo.
A encomenda será entregue ainda hoje.
E quando tiver chegado a hora de você empregar esses verbos, não haverá mais dúvidas!
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26 de março de 2017
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