Texto 1:
O modelo feminino atual inclui obrigatoriamente trabalho, finanças, filhos e amores. Tudo é importante e tudo precisa ser atendido aqui e agora, no presente. Mas falta selar um acordo entre o mulherão, que conquistou definitivamente seu lugar ao sol, e a mulherzinha, que perde noites de sono preocupada com a aparência, a culpa de ficar pouco tempo com os filhos e os dramas de relacionamentos cada vez mais fugazes. "Queremos o cérebro da Marie Curie com as pernas da Beyoncé, ser Ph.D. e ganhar muito dinheiro. Casar e ter filhos não é obrigação, talvez uma escolha. Talvez", diz a bióloga potiguar Luíza Barros, de 26 anos. Revista Época, versão online.
A jornalista Maureen Dowd adora uma provocação. [...] Seu livro Os Homens são Necessários? - Quando os Sexos Colidem [...] tornou-se alvo de duras críticas por afirmar ter havido uma espécie de retrocesso na ambição feminina. [...] Aos 54 anos, Maureen faz um balanço negativo da nova geração, que, segundo ela, deve prestar atenção para não perder direitos já conquistados pelas mulheres. De seu escritório em Washington, ela deu a seguinte entrevista para VEJA.
Veja - Quais as grandes questões da mulher hoje?
Maureen Dowd - Alcançar uma mistura harmônica entre família e trabalho e o equilíbrio entre força e sexualidade. A geração pós-feminismo está buscando uma identidade. Antes, a idéia era imitar os homens. Trabalhar e ser como eles. Até orgasmo deveríamos sentir igual. Muitas de nós tentaram, mas, obviamente, não deu certo. Não somos homens. Não podemos fugir da nossa biologia de uma maneira tão fácil. Por outro lado, há uma mudança curiosa nos desejos femininos. No começo, as mulheres desejavam igualdade, mas, no fim, acabaram desejando Botox.
O vocabulário do brasileiro ainda não deu conta da novidade. A partir de hoje, os eleitores se dividem entre os que chamam Dilma Rousseff (PT) de "presidente" ou "presidenta". [...] O fato é que a petista colocou, pela primeira vez, as mulheres no mais alto posto da República. [...]
A chegada de Dilma ao poder foi construída com base em ambiguidades na questão de gênero. A campanha da petista se apropriou de imagens intrinsecamente femininas, embora ultrapassadas. Associou a candidata ao título de "mãe do PAC" ou de "mulher do Lula" e tornou Dilma uma sucessora palatável, já que "subalterna" ao futuro ex-presidente. "Isso foi intencional. Se o continuador fosse um homem, parte do eleitorado, sobretudo o masculino, poderia achar que o sucessor logo teria autonomia e se desligaria de Lula", explica Fátima Pacheco Jordão, diretora do Instituto Patrícia Galvão, socióloga e especialista em pesquisas de opinião. Ela lembra que Dilma foi trabalhada para ser feminina "na aparência física, na contemporaneidade de seu cabelo". "Ela foi se aperfeiçoando para ser mais feminina e não para se transformar numa 'coronela'."
Texto 4:
A dentista paulistana Elaine Machado Orlandini, de 36 anos, é uma espécie de representante dos novos tempos que vivem as mulheres. Tempos de agenda apertada, autonomia e satisfação pessoal. Na semana passada, parecida com tantas outras, ela não conseguiu ir à manicure. Cuidar de si mesma é um hábito que acaba espremido entre os compromissos da filha Isabela, de 6 anos, as demandas do casamento e o atendimento no consultório que mantém em São Bernardo do Campo, São Paulo. [...] "Vou me moldando de acordo com a vida. Só não posso me abandonar", afirma.
A dentista paulistana Elaine Machado Orlandini, de 36 anos, é uma espécie de representante dos novos tempos que vivem as mulheres. Tempos de agenda apertada, autonomia e satisfação pessoal. Na semana passada, parecida com tantas outras, ela não conseguiu ir à manicure. Cuidar de si mesma é um hábito que acaba espremido entre os compromissos da filha Isabela, de 6 anos, as demandas do casamento e o atendimento no consultório que mantém em São Bernardo do Campo, São Paulo. [...] "Vou me moldando de acordo com a vida. Só não posso me abandonar", afirma.
No passado, ser mulher e ter uma carreira bem-sucedida exigia sacrifícios ainda maiores. "Era como se eu fosse um E.T. As amigas não entendiam minha atitude", afirma a paulistana Priscila Fonseca, de 61 anos, uma das mais respeitadas advogadas de família do país. Décadas atrás, ela deixou as pessoas abismadas ao optar pela carreira em vez do casamento. [...] "Minha independência vinha em primeiro lugar". [...] Priscila já foi conselheira da Ordem Brasileira dos Advogados e deu aulas de Direito em São Paulo e Piracicaba. Agora, preside um escritório que leva seu nome, com 35 funcionários. E se divide entre um grande amor e duas paixões: a filha adotiva, Maria Vitória, de 7 anos, um orquidário com mais de 2 mil flores e um tanque repleto de carpas japonesas.
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