UFRGS 2017
Análise da Proposta de Redação
A proposta de redação do vestibular da UFRGS 2017 estruturou o tema a partir de três textos de apoio. No
primeiro (“E se Obama fosse africano?”), Mia Couto afirma que “O melhor modo de criar o próprio estilo é
receber influências, as mais diversas e variadas influências.”, destacando, contudo, a diferença entre repetição
e inspiração. No seguinte, disponível no youtube, lê-se uma declaração de Elis Regina, que construiu seu
estilo a partir da imitação – singularizando-se, todavia – de Ângela Maria. Logo, em ambos a mimese como
caminho positivo na busca do estilo próprio. No entanto, na continuidade, a declaração de Dufour (flósofo
francês) apresenta viés oposto: a sociedade atual não permite espaços à singularidade – hoje, ter estilo “é
exatamente não ter estilo, é permanecer no universo da imitação...”
Após a análise de tais textos de apoio, ao candidato eram propostas algumas reflexões – após a reafirmação
de que a singularidade faz de cada um o ser único. Concordaria o aluno com o fato de sermos singulares ou
acreditariam na mera repetição?
Permitia, pois, uma escolha, o tema O QUE É TER ESTILO.
Por meio de comandos pontuais [apresentar o seu entendimento sobre o que é ter um estilo; exemplificar
ou com fatos, ou com acontecimentos ou com situações de vida cotidiana, sua ou de qualquer outra pessoa,
o que é ter um estilo; desenvolver argumentos que evidenciem que o exemplo dado permite identificar
um estilo], a UFRGS abriu o segundo dia de provas.
Afastando-se do assunto levado à pauta em 2016 – a
tecnologia –, a Universidade centrou-se no exame de questão atemporal, propiciando ao candidato um nível
de reflexão que não se restringe à microanálise (o universo do leitor – tão diminuto em nossa sociedade), a
exemplo do que ocorreu em 2014, quando foi proposta uma discussão sobre o conceito pessoal de clássico
em relação à obra literária.
No ano de 2016, a temática das escolhas foi sistematicamente trabalhada com os alunos (inclusive quanto
ao “temido” uso do “eu” nas proposições apresentadas pela UFRGS quando do vestibular – o que não foi
obrigatório nesta edição). Dessa forma, os alunos, do Ruyzão, que conosco conviveram ao longo desse ano letivo estavam
preparados para redigir um bom texto que, considerando-se a possibilidade de ampla abordagem, permitia
o exercício da autonomia e o investimento autoral.
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