Qualquer pessoa com sensibilidade que lhe permita uma mínima capacidade de raciocínio e interpretação daquilo que lê e ouve se sente como um náufrago em uma pequenina ilha, só que cercado por um vastíssimo oceano de burrice líquida. Não é preciso ser um sociólogo/antropólogo/ para se certificar que as recentes gerações de estudantes foram completamente dominadas pela ignorância cultural e emocional.
Em todo o Brasil, são raras as exceções encontradas. Senão por conta de uma genuína vontade de evoluir e fazer a diferença no futuro, mas principalmente pela ambição em conseguir recompensas financeiras na diferenciação profissional em um mercado de trabalho cada vez mais diminuto e competitivo. Não é à toa que conheço vários pais que estão preparando seus filhos para estudarem em universidades estrangeiras.
Veja o caso do ENEM, por exemplo. A cada ano, a média das notas cai vertiginosamente, o que reflete o fato de que nas mais variadas áreas do conhecimento, o que mais se vê são verdadeiros retardados que teriam muita dificuldade em ter uma passagem ilesa por um mata-burros.
Testes e provas são aplicados o tempo todo nas escolas, com resultados que quase sempre levam os professores ao desespero. Experimente perguntar a respeito disso a alguém de seu convívio que lecione em qualquer estabelecimento de ensino para sentir a dimensão do drama. A honra de ser um bom aluno foi substituída pelo sucesso de popularidade, seja lá por quais motivos.
Nas redes sociais então, o que mais se encontra são “doutores” em assuntos dos quais os paspalhos não fazem a mínima ideia. A estupidez de nossos alunos em todos os níveis escolares tiraria até mesmo o Dalai Lama do sério.
Infelizmente, o perfil do aluno brasileiro deste século está muito longe do aceitável. Não tenho a menor dúvida de que a grande maioria dos alunos é incapaz de interligar cada disciplina aplicada no ENEM, sem qualquer competência para sacar que Matemática e Física caminham lado a lado, que Química e Biologia são co-irmãs, que Geografia e História apresentam imensas áreas de intersecção. Essas gerações sequer demonstram habilidade para entender que a importância de se tornar um ser humano dotado de senso crítico e de observação.
Evidentemente que toda essa molecada não saca que conhecimento é algo que precisa ser adquirido a partir de uma vontade interna. A informação é adquirida, assimilada, compreendida e devolvida ao mundo externo de acordo com o que você é e deseja ser. Professores não ensinam propriamente. Eles são “iluminadores” de caminho, formadores de uma “personalidade cultural” cujos elementos realmente transformadores já estão dentro de cada pessoa. Sim, querer é poder.
Só que há um problema: para não perder seus “clientes”, escolas se tornaram cúmplices dessa manada de ignorantes, criando currículos que não oferecem nada daquilo proposto por um exame como o do ENEM. As baixas notas demonstram a que ponto o estudante brasileiro é dependente de ‘decorebas’, seja em fórmulas matemáticas ou conceitos de Biologia, por exemplo. Professores se transformaram em meros coadjuvantes de um cenário de horror educacional poucas vezes presenciado no Brasil.
Para piorar, a mídia não colabora ao fazer matérias toscas com ‘dicas’ para os alunos se prepararem para esse exame. Porra, a única dica que realmente funciona é E-S-T-U-D-A-R!!! Sim, para valer. Entendendo realmente aquilo que está sendo estudado e não relembrando professores picaretas que preferem apelar para musiquinhas, coreografias ridículas e outras “micagens” para ajudar o aluno bucéfalo a se lembrar de alguma coisa. Pode apostar que esse tipo de bizarrice não ajuda em nada na hora em que o energúmeno tem que demonstrar algum conhecimento.
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