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19 de fevereiro de 2014

Interpretação ou compreensão - já postei material sobre isso

Texto para as questões de 18 a 20.
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……….Construímos nossas crenças por várias e diferentes razões subjetivas, pessoais, emocionais e psicológicas, em contextos criados pela família, por amigos, por colegas, pela cultura e pela sociedade. Uma vez consolidadas essas crenças, nós as defendemos e as justificamos com uma profusão de razões intelectuais, argumentos convincentes e explicações racionais. Primeiro surgem as crenças, depois as explicações.
………O cérebro é uma máquina de crenças. A partir dos dados que fluem por meio dos sentidos, o cérebro naturalmente começa a procurar e encontra padrões, aos quais então infunde significado. O primeiro processo é chamado de padronicidade: a tendência de encontrar padrões significativos em dados que podem ou não ser significativos. O segundo processo é chamado de acionalização: a tendência de dar aos padrões significado, intenção e ação. Não podemos evitar isso. Nosso cérebro evoluiu para conectar os pontos de nosso mundo em padrões significativos, capazes de explicar por que as coisas acontecem. Esses padrões significativos se tornam crenças.
………Uma vez formadas as crenças, o cérebro começa a procurar evidências que as confirmem e, ao serem encontradas, tais evidências aumentam a confiança emocional e aceleram o processo de reforço dessas crenças. Uma mudança de opinião é muito rara na religião e na política, a ponto de provocar manchetes quando ocorre com alguém que desfrute de uma posição proeminente, como um clérigo que mude de religião ou renuncie à sua fé, ou um político que mude de partido ou se torne independente. Acontece, mas é tão rara quanto um cisne negro. Michael Shermer. Cérebro e crença. São Paulo: JSN Editora, 2012, p. 21-2 (com adaptações)
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18. De acordo com o texto,
a) nossas crenças são provenientes das crenças de nossa família e de nossos amigos.
b) padronicidade e acionalização são processos sociais que desencadeiam uma crença.
c) as pessoas precisam de evidências que justifiquem a crença, para depois acreditarem em algo.
d) quando as pessoas públicas mudam de opinião, ganham destaque na mídia.
e) é o cérebro que atribui significado aos padrões que encontra.
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19. Em relação a aspectos linguísticos do texto, assinale a opção correta.
a) Em “Esses padrões significativos se tornam crenças” (§ 2º), a posposição do pronome “se” ao verbo — tornam-se — acarretaria erro gramatical ao texto.
b) No trecho “como um clérigo que mude de religião ou renuncie à sua fé” (§ 3º), o emprego do sinal indicativo de crase na expressão “à sua fé” é obrigatório.
c) Em “o cérebro naturalmente começa a procurar e encontra padrões, aos quais então infunde significado” (§ 2º), a exclusão da vírgula empregada logo após “padrões” não prejudicaria nem o sentido nem a correção gramatical do texto.
d) Em “aos quais então infunde significado” (§ 2º), o advérbio “então”, que tem valor conclusivo, poderia ser substituído pela conjunção “portanto”, sem que tal alteração promovesse incorreção gramatical ou mudança de sentido ao texto.
e) O “segundo processo” (§ 2º) remete à ação de infundir significado aos padrões encontrados, já mencionada em “…o cérebro naturalmente começa a procurar e encontra padrões, aos quais então infunde significado” (§ 2º).
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20. O sentido e a correção gramatical do texto seriam preservados caso se substituísse
a) “aos quais” por “para os quais”, em “e encontra padrões, aos quais então infunde significado” (§ 2º).
b) “por que” por “a razão pela qual”, em “capazes de explicar por que as coisas acontecem” (§ 2º).
c) “proeminente” por “iminente”, em “alguém que desfrute de uma posição proeminente” (§ 3º).
d) “Construímos nossas crenças” por “Constroem-se crenças” (§ 1º).
e) “consolidadas” por “consolidado”, em “Uma vez consolidadas essas crenças” (§ 1º).

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Comentário do texto: O tema do texto trabalha a construção de crenças pelo cérebro. No primeiro parágrafo, destaca-se a diversidade que constitui a gênese das crenças (“…razões subjetivas, pessoais, emocionais e psicológicas, em contextos criados pela família, por amigos, por colegas, pela cultura e pela sociedade.”) e a defesa de tais crenças (“…profusão de razões intelectuais, argumentos convincentes e explicações racionais.”). No segundo parágrafo, o autor destaca como o cérebro processa os dados por meio de padrões, dando-lhes significado (padronicidade e acionalização). Os padrões significativos formam as crenças. No terceiro parágrafo, tendo o cérebro formado as crenças, busca-se a confirmação e reforço delas.
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18. De acordo com o texto,
a) nossas crenças são provenientes das crenças de nossa família e de nossos amigos.
b) padronicidade e acionalização são processos sociais que desencadeiam uma crença.
c) as pessoas precisam de evidências que justifiquem a crença, para depois acreditarem em algo.
d) quando as pessoas públicas mudam de opinião, ganham destaque na mídia.
e) é o cérebro que atribui significado aos padrões que encontra.

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Comentário (questão 18): A alternativa E é a correta, conforme se lê no trecho do texto: “A partir dos dados que fluem por meio dos sentidos, o cérebro naturalmente começa a procurar e encontra padrões, aos quais então infunde significado”. Perceba que o sujeito oculto do verbo “infunde” é o “cérebro”. Feita essa inferência, constata-se que o cérebro procura e encontra padrões, bem como infunde significado a esses padrões que encontra.
Na alternativa A, aparentemente há muita fidelidade, mas no texto “família e amigos” aparecem apenas como os criadores de contextos onde construímos nossas crenças. A ideia de proveniência está na informação: “Construímos nossas crenças por várias e diferentes razões subjetivas, pessoais, emocionais e psicológicas”.
Na alternativa B, o erro está na informação “processos sociais”. O texto frisa que são processos gerados pelo cérebro.
Na alternativa C, foram usados trechos do 1º e do 3º parágrafo. Enquanto o texto apresenta as ideias de evidência e justificativa de forma distinta e sem relação, na alternativa há uma correlação indevida de obrigatoriedade (“precisam”). Também é preciso entender que as evidências vêm em um momento posterior à criação das crenças, dando-lhes confirmação. Portanto, as crenças ocorrem antes das justificativas e das evidências.
Na alternativa D, mudar de opinião trouxe um sentido muito genérico, quando no texto temos “Uma mudança de opinião é muito rara na religião e na política”. Na alternativa, há a impressão de que qualquer opinião, quando no texto se fala de opinião em setores específicos: religião e política.
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19. Em relação a aspectos linguísticos do texto, assinale a opção correta.
a) Em “Esses padrões significativos se tornam crenças” (§ 2º), a posposição do pronome “se” ao verbo — tornam-se — acarretaria erro gramatical ao texto.
b) No trecho “como um clérigo que mude de religião ou renuncie à sua fé” (§ 3º), o emprego do sinal indicativo de crase na expressão “à sua fé” é obrigatório.
c) Em “o cérebro naturalmente começa a procurar e encontra padrões, aos quais então infunde significado” (§ 2º), a exclusão da vírgula empregada logo após “padrões” não prejudicaria nem o sentido nem a correção gramatical do texto.
d) Em “aos quais então infunde significado” (§ 2º), o advérbio “então”, que tem valor conclusivo, poderia ser substituído pela conjunção “portanto”, sem que tal alteração promovesse incorreção gramatical ou mudança de sentido ao texto.
e) O “segundo processo” (§ 2º) remete à ação de infundir significado aos padrões encontrados, já mencionada em “…o cérebro naturalmente começa a procurar e encontra padrões, aos quais então infunde significado” (§ 2º).
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Comentário (questão 19): A alternativa correta é a E, pois, no segundo parágrafo, há o trecho “A partir dos dados que fluem por meio dos sentidos, o cérebro naturalmente começa a procurar e encontra padrões, aos quais então infunde significado”. Para o ato de encontrar padrões há o processo de padronicidade (primeiro processo) e para o ato de infundir significado há o ato de “acionalização” (segundo processo).
Nas outras opções, há as seguintes falhas:
Alternativa A: Alternativa errada. Como não há palavra atrativa, o uso da ênclise (colocação do pronome átono após o verbo) não acarreta erro gramatical. Caso houvesse palavra atrativa, a próclise (colocação do pronome átono antes do verbo) seria obrigatória.
Alternativa B: Alternativa errada. Como antes do pronome possessivo “sua” o uso do artigo é facultativo, temos duas formas corretas: “renuncie à sua fé” ou “renuncie a sua fé”. Conclusão: no trecho em análise, o uso o acento é facultativo.
Alternativa C: Alternativa errada. Trabalha-se a vírgula no pronome relativo, situação em que o sentido é o assunto. Havendo vírgula antes do pronome relativo (“…  , aos quais…”), temos um sentido genérico; sem vírgula antes do pronome relativo (“…   aos quais…”), há um sentido restritivo, busca-se diferenciar, particularizar. Quando a prova pergunta sobre omissão de vírgula antes de pronome relativo, fala na realidade sobre mudança de sentido. Em razão disso, a retirada da vírgula no trecho muda o sentido original e, por consequência, torna esta alternativa errada, pois prejudica o sentido. Não há falha gramatical, mas há mudança de sentido.  Para estudar esse assunto, não deixe de ler o artigo: “O sentido nas orações adjetivas”.
Alternativa D: Alternativa errada. A palavra “então” no contexto usado tem sentido temporal.
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20. O sentido e a correção gramatical do texto seriam preservados caso se substituísse
a) “aos quais” por “para os quais”, em “e encontra padrões, aos quais então infunde significado” (§ 2º).
b) “por que” por “a razão pela qual”, em “capazes de explicar por que as coisas acontecem” (§ 2º).
c) “proeminente” por “iminente”, em “alguém que desfrute de uma posição proeminente” (§ 3º).
d) “Construímos nossas crenças” por “Constroem-se crenças” (§ 1º).
e) “consolidadas” por “consolidado”, em “Uma vez consolidadas essas crenças” (§ 1º).

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Comentário (questão 20): A alternativa B é a correta.  No trecho original, a troca direta de “por que”  por “pela qual” geraria erro, pois no contexto “por que” funciona como pronome interrogativo, de sentido equivalente a “por qual razão” (capazes de explicar por que as coisas acontecem = capazes de explicar por qual razão as coisas acontecem). Já a forma “pela qual” é pronome relativo e não se ajustaria no trecho. Para que houvesse o ajuste necessário, a banca inseriu “a razão”, o que torna a troca coerente: “capazes de explicar a razão pelas quais as coisas acontecem”.
Nas outras opções, há as seguintes falhas:
Alternativa A: Alternativa errada, mas bastante difícil, pois a troca não produz uma incoerência, Faz-se a troca e há manutenção do sentido. Porém, na consulta a obras teóricas, constata-se a regência “infundir A algo” e não “infundir PARA algo”. Prevalece a tradição gramatical.
Alternativa C: Erro devido à alteração de sentido, pois “iminente” significa algo imediato, algo que está prestes a acontecer. No texto, “posição proeminente” significa “posição elevada, de destaque”.
Alternativa D: Apesar de não haver erro gramatical, há alteração de sentido, pois em “Constroem-se crenças” o sentido está genérico, menos determinado. Sai-se de uma forma em que o sujeito participa da ação e das crenças (“Construímos nossas crenças”) e entra-se em algo mais neutro, mais impessoalizado (“Constroem-se crenças”).
Alternativa E: A troca proposta gera erro de concordância.

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