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7 de fevereiro de 2014

Treinando

 
Como sabemos, o CESPE/UnB tem realizado vários concursos ultimamente. Pensando nisso, compartilharei com vocês duas questões sobre a temática compreensão e interpretação de textos, assunto presente em todas as provas elaboradas pela banca.
Venham comigo!
 
Texto para os itens de 1 e 2.
 

Embora as conquistas obtidas a partir da Revolução Francesa tenham possibilitado a consolidação da concepção de cidadania, elas não foram suficientes para que essa condição se verificasse na prática. A mera declaração formal das liberdades nos documentos e nas legislações esboroava diante da inexorável exclusão econômica da maioria da população. Em vista disso, já no século XIX, buscaram-se os direitos sociais com ações estatais que compensassem tais desigualdades, municiando os desvalidos com direitos implantados e construídos de forma coletiva em prol da saúde, da educação, da moradia, do trabalho, do lazer e da cultura para todos.
No entanto, foi somente depois da Segunda Guerra Mundial que a afirmação da cidadania se completou, haja vista que só então se percebeu a necessidade de se valorizar a vontade da maioria, respeitando-se, sobretudo, as minorias, em suas necessidades e peculiaridades. Em outras palavras, verificou-se claramente que a maioria pode ser opressiva, a ponto de conduzir legitimamente ao poder o nazismo ou o fascismo. Para que fatos como esse não se repetissem, fez-se premente a criação de salvaguardas em prol de todas as minorias, uma vez que a soma destas empresta legitimidade e autenticidade à vontade da maioria.
Eis aí o fundamento primeiro das políticas em favor de quaisquer minorias. No que toca às pessoas com deficiência, é possível afirmar que o viés assistencialista e caridosamente excludente que orientava as ações governamentais tem sido substituído por programas de efetiva inclusão, que visam formar cidadãos sujeitos do próprio destino, e não mais meros beneficiários de políticas de assistência social. O direito de ir e vir, de trabalhar e de estudar é a mola mestra da inclusão de qualquer cidadão e, para que se concretize em face das pessoas com deficiência, há que se exigir do Estado a construção de uma sociedade livre, justa e solidária (como prevê o artigo 3.º da Constituição Federal), por meio da implementação de políticas públicas compensatórias e eficazes.
A obrigação, porém, não se esgota nas ações estatais. Todos nós somos igualmente responsáveis pela efetiva compensação de que se cuida. As empresas, por sua vez, devem primar pelo respeito ao princípio constitucional do valor social do trabalho e da livre iniciativa, para que se implementem a cidadania plena e a dignidade do trabalhador com ou sem deficiência (previstas nos artigos 1.º e 170 da Constituição Federal). Nesse diapasão, a contratação de pessoas com deficiência deve ser vista como qualquer outra. Desses trabalhadores, espera-se profissionalismo, dedicação, assiduidade, enfim, atributos ínsitos a qualquer empregado. Não se quer assistencialismo, e sim oportunidades.

 
Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Inspeção do Trabalho. A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. 2.ª ed., Brasília, 2007. Internet: (com adaptações).
 
Julgue os itens seguintes, relativos às ideias apresentadas no texto.
 
1. (CESPE/UnB-2013/MTE/Auditor-Fiscal do Trabalho) De acordo com o texto, ações governamentais de assistencialismo às pessoas com deficiência constituem salvaguarda eficaz no processo de inclusão desses indivíduos.
 

Comentário: Questão sobre compreensão textual. A redação do item contradiz as informações constantes do texto. De acordo com a superfície textual, após a Segunda Guerra Mundial é que se reconheceu a necessidade de respeitar as minorias, em suas necessidades e peculiaridades. Ainda em conformidade com o corpus textual, depois da segunda grande guerra, foram criadas salvaguardas (=garantias, defesas) em benefício das minorias, já que a soma destas empresta legitimidade e autenticidade à vontade da maioria. Também em conformidade com o texto, no que toca às pessoas com deficiência, é possível afirmar que o viés assistencialista e caridosamente excludente que orientava as ações governamentais tem sido substituído por programas de efetiva inclusão, que visam formar cidadãos sujeitos do próprio destino, e não mais meros beneficiários de políticas de assistência social. Logo, o item está errado.

Gabarito: Errado.
 
2. (CESPE/UnB-2013/MTE/Auditor-Fiscal do Trabalho) Segundo o autor do texto, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária só é possível mediante a inclusão, na sociedade, das pessoas com deficiência.
 
Comentário: Questão sobre compreensão de textos, cuja resposta se encontra expressa no terceiro parágrafo. Segundo as ideias contidas nesse componente textual, o autor assevera que a construção de uma sociedade livre, justa e solidária (como prevê o artigo 3º da Constituição Federal) se dá com o respeito a direitos como o de ir e vir, de trabalhar e de estudar. De acordo com as ideias do texto, essa é a mola mestra de inclusão de qualquer cidadão e, para que esse direito se concretize em face das pessoas com deficiência, deve haver a implementação de políticas públicas compensatórias e eficazes. Logo, a redação do item está incorreta.
Gabarito: Errado.

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