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25 de setembro de 2016

TEXTOS ...TEXTOS...TEXTOS

Como Interpretar Textos

Antes de iniciarmos a estudar a Interpretação de textos, vamos ler com atenção esta crônica da gaúcha Martha Medeiros.

 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 

Semana passada, o escritor  Mário Lago confessou que não conseguiu entender uma questão que interpretava um texto seu numa prova de vestibular. Mário toca aqui.

Aconteceu o mesmo comigo. Alguns anos atrás, uma universidade do Rio Grande do Sul incluiu uma crônica de minha autoria numa prova para que os vestibulandos a interpretassem. Eram algumas questões sobre um texto escrito por mim ,logo, achei que tiraria de letra. Peguei uma caneta, li as alternativas e fiquei boiando. Não entendi uma vírgula do que "aquela louca" queria dizer.

Quem está do lado de cá, escrevendo, não imagina o que pode passar pela cabeça de quem está lendo. Na nossa ingenuidade, supomos que não há nada para ser interpretado.  A pergunta mais incômoda para um escritor é " o que você quis dizer com aquilo que escreveu"? 

Puxa, a gente se digladia diante do computador para ser simples, objetivo, encontrar o verbo que melhor  explica nosso sentimento, e ninguém entende lhufas. Dá vontade de desistir de tudo e vender pastel em Imbé. 

Sei que a interpretação ajuda o aluno a pensar, concluir, avaliar, ler nas entrelinhas.Muita gente é adepta da leitura dinâmica: lê como se estivesse vendo. Não dá. Há escritores herméticos, que necessitam de atenção redobrada e um olhar mais astucioso sobre cada parágrafo. Há inventores de uma nova gramática. Há os que escrevem em código. Há aqueles que deixam quase tudo subentendido. Há os escritores neuróticos. Os que camuflam de tal modo as suas ideias, que nem eles mesmos sabem o que querem dizer. A questão é: valerá o esforço de interpretá-los?

Eu reluto diante da ideia de que é preciso ensinar alguém a pensar sobre o que está sendo lido. Podemos e devemos estimular o hábito da leitura, mas toda obra é aberta e permite várias reflexões. A maioria dos escritores, até onde eu sei, não fica tentada a criar charadas quando escreve. Ao contrário, a busca é pela comunicação, pela partilha de ideias e emoções. Pode-se fazer isso de forma densa, profunda, corrosiva, enigmática e, ainda, ser claro.

Toda interpretação de texto se dá através da sensibilidade de quem escreve e de quem lê.O resto é teoria.


A interpretação de textos é de fundamental importância para concursos. Você já se perguntou por quê?

Há alguns anos, as provas de Português, nos principais concursos do país, traziam uma frase, e dela faziam-se as questões. Eram enunciados soltos, sem conexão, tão ridículos que lembravam muito aquelas frases das antigas cartilhas: "Ivo viu a uva".

Os tempos são outros e, dentro das modernas tendências do ensino de línguas, fica cada vez mais claro que o objetivo de ensinar as regras da gramática normativa é simplesmente o texto. Aprendem-se as regras do português culto, erudito, a fim de melhorar a qualidade do texto, seja oral, seja escrito.

Nesse sentido, todas as questões são extraídas de textos, escolhidos criteriosamente pelas bancas, em função da mensagem/conteúdo, em função da estrutura gramatical. Ocorrem casos de provas contextualizadas, em que todos os textos abordam o mesmo assunto, ou seja, provas monotemáticas.

Dessa maneira, fica clara a importância do texto como objetivo último do aprendizado de língua.

Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjetiva, há limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a fim de responder às interpretações que a banca considerou como pertinentes.

Quais são os textos escolhidos? 
Textos retirados de revistas e de jornais de circulação nacional têm a preferência. Portanto, o romance, a poesia e o conto são quase que exclusividade das provas de Literatura (que também trabalham interpretação, por evidente). Assim, seria interessante observar as características fundamentais desses produtos da imprensa.


Os Artigos

São os preferidos das bancas. Esses textos autorais trazem identificado o autor.

Essas opiniões são de expressa responsabilidade de quem as escreveu - chamado aqui de articulista - e tratam de assunto da realidade objetiva, pautada pela imprensa. Portanto, os temas são, quase sempre, bem atuais.

Trata-se, em verdade, de texto argumentativo, no qual o autor/emissor terá como objetivo convencer o leitor/receptor. Nessa medida, é idêntico à redação escolar, tendo a mesma estrutura: introdução, desenvolvimento e conclusão.


Exemplo de Artigo
Os nomes de quase todas as cidades que chegam ao fim deste milênio como centros culturais importantes seriam familiares às pessoas que viveram durante o final do século passado. O peso relativo de cada uma delas pode ter variado, mas as metrópoles que contam ainda são basicamente as mesmas: Paris, Nova Iorque, Berlim, Roma, Madri, São Petesburgo.


Os Editoriais
Novamente, são opinativos, argumentativos e possuem a mesma estrutura dos artigos .

Todos os jornais e revistas têm esses editoriais. Os principais diários do país produzem três textos desse gênero. Geralmente um deles tratará de política; outro, de economia; um outro, de temas internacionais.

A diferença em relação ao artigo é que o autor, o editorialista, não expressa sua opinião, apenas serve de intermediário para revelar o ponto de vista da instituição, da empresa, do órgão de comunicação. Muitas vezes, esses editoriais são produzidos por mais de um profissional. O editorialista é, quase sempre, antigo na casa e, obviamente, da confiança do dono da empresa de comunicação. Os temas, por evidente, são a pauta do momento, os assuntos da semana.



As Notícias
Aqui temos outro gênero, bem diverso.
As notícias são autorais, isto é, produzidas por um jornalista claramente identificado na matéria. Possuem uma estrutura bem fechada, na qual, no primeiro parágrafo (também chamado de lide), o autor deve responder às cinco perguntinhas básicas do jornalismo: Quem? Quando? Onde? Como? E por quê?
A grande diferença em relação ao artigo e ao editorial está no objetivo. O autor quer apenas "passar" a informação, quer dizer, não busca convencer o leitor/receptor de nada. É aquele texto que os jornalistas chamam de objetivo ou isento, despido de subjetividade e de intencionalidade.

Exemplo de Notícia 
O juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, negou-se a responder ontem à CPI do judiciário todas as perguntas sobre sua evolução patrimonial. Ele invocou a Constituição para permanecer calado sempre que era questionado sobre seus bens ou sobre contas no exterior.  


As Crônicas
Estamos diante da Literatura.
Os cronistas não possuem compromisso com a realidade objetiva. Eles retratam a realidade subjetiva.
Se observarmos os jornais, teremos, junto aos editoriais e a dois artigos sobre política ou economia, uma crônica de algum escritor, descolada da realidade, se assim lhe aprouver.
O jornal busca, dessa maneira, arejar essa página tão sisuda.
A crônica é isso: uma janela aberta ao mar.
Sobre a crônica, há alguns dados interessantes. Considerada por muito tempo como gênero menor da Literatura, nunca teve status ou maiores reconhecimentos por parte da crítica.
Essa divisão dos textos da imprensa é didática e objetiva esclarecer um pouco mais o vestibulando. No entanto, é importante assinalar que os autores modernos fundem essa divisão, fazendo um trabalho misto. É o caso de Luis Fernando Veríssimo, que ora trabalha uma crônica, com os personagens conversando em um bar, terminando por um artigo, no qual faz críticas ao poder central, por exemplo. Martha Medeiros, por seu turno, produz, muitas vezes, um artigo, revelando a alma feminina. Em outros momentos, faz uma crônica sobre o quotidiano.



Exemplo de Crônica

O mulherão

Peça para um homem descrever um mulherão.Ele imediatamente vai falar do tamanho dos seios,na medida da cintura,no volume dos lábios,nas pernas,bumbum e cor dos olhos. Ou vai dizer que mulherão tem que ser loira,1,80m,siliconada,sorriso Colgate.Mulherões,dentro deste conceito,não existem muitas:Vera Fischer, Letícia Spiller,Malu Mader,Adriane Galisteu,Lumas e Brunas.Agora pergunte para uma mulher o que ela considera um mulherão e você vai descobrir que tem uma a cada esquina. 
Mulherão é aquela que pega dois ônibus por dia para ir ao trabalho e mais dois para voltar,e quando chega em casa encontra um tanque lotado de roupa e uma família morta de fome.Mulherão é aquela que vai de madrugada para a fila garantir matricula na escola e aquela aposentada que passa horas em pé na fila do banco para buscar uma pensão de 100 Reais.
Mulherão é a empresária que administra dezenas de funcionários de segunda a sexta, e uma família todos os dias da semana .Mulherão é quem volta do supermercado segurando várias sacolas depois de ter pesquisado preços e feito malabarismo com o orçamento.Mulherão é aquela que se depila, que passa cremes, que se maquia, que faz dieta,que malha,que usa salto alto, meia-calça,ajeita o cabelo e se perfuma,mesmo sem nenhum convite para ser capa de revista.Mulherão é quem leva os filhos na escola,busca os filhos na escola,leva os filhos para a natação,busca os filhos na natação,leva os filhos para a cama,conta histórias,dá um beijo e apaga a luz.Mulherão é aquela mãe de adolescente que não dorme enquanto ele não chega, e que de manhã bem cedo já está de pé, esquentando o leite. 

Mulherão é quem leciona em troca de um salário mínimo,é quem faz serviços voluntários,é quem colhe uva,é quem opera pacientes,é quem lava roupa pra fora,é quem bota a mesa,cozinha o feijão e à tarde trabalha atrás de um balcão.Mulherão é quem cria filhos sozinha, quem dá expediente de oito horas e enfrenta menopausa,TPM,menstruação.Mulherão é quem arruma os armários, coloca flores nos vasos,fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira cheia e os cinzeiros vazios.Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual o melhor remédio pra azia. 
LUMAS,BRUNAS,CARLAS,LUANAS E SHEILAS: mulheres nota dez no quesito lindas de morrer, mas MULHERÃO É QUEM MATA UM LEÃO POR DIA.
Martha Medeiros 


A interpretação serve para a Química!
Responda rápido a uma pergunta:

  O que há em comum entre os aprovados nos primeiros lugares? Será que possuem semelhanças?

  Sim, de fato, o que os identifica é a leitura e a curiosidade pelo mundo que os cerca. Eles leem bastante e leem de tudo um pouco.
As instituições de ensino superior não querem mais aquele aluno que decora regrinhas. Elas buscam o cidadão que possui leitura e conhecimento de mundo. Nesse aspecto, as questões, inclusive das provas de exatas, muitas vezes pedem criticidade e compreensão de enunciados.Quantas vezes você não errou uma questão de Física ou de Biologia por não entender o que foi pedido. Pois estamos falando de interpretação de textos.
A leitura e a interpretação tornam-se, dessa maneira, exigência de todas as disciplinas. E não pense que essa capacidade crítica de entender o texto escrito (e até falado) é exclusividade do vestibular. Quando você for buscar uma vaga no mercado de trabalho, a criticidade, a capacidade de comunicação e de compreensão do mundo serão atributos importantes nessa concorrência.


DICAS PARA INTERPRETAR

Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de texto. Para isso, devemos observar o seguinte:
01.Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; 
02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá até o fim, ininterruptamente; 
03. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; 
04. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; 
05. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor compreensão; 
06. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão; 
07. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se perguntou e o que se pediu; 
08. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto; 
09. O autor defende ideias e você deve percebê-las;
10. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importantíssimos na interpretação do texto. 








Não se esqueça:" O que está escrito, escrito está." 




A prova de Língua Portuguesa exige muita atenção, muita concentração; assim evita-se ler ou interpretar equivocadamente o comando das questões.

 Interpretação de Texto – consiste em saber o que é importante para a análise de textos:  

1.Não extrapole ao que está escrito no texto. Muitas vezes , por se tratar de fatos reais, o candidato interpreta o que não está escrito. Deve-se ater somente às informações que estão relatadas. 
2.Não valorize apenas uma parte do contexto. O texto deve ser considerado como um todo, não se atenha à parte dele. 
3.Sublinhe as palavras-chave do enunciado, para evitar de entender justamente o contrário do que está escrito. Leia duas vezes o comando da questão, para saber realmente o que se pede. Tome cuidado com algumas palavras, como: pode, deve, não, sempre, é necessário, é obrigatório, correta, incorreta, exceto, erro, etc.  
4.Se o comando pede a ideia principal ou tema, normalmente deve situar-se no primeiro ou no último parágrafo - introdução e conclusão. 
5. Se o comando busca argumentação, deve localizar-se nos parágrafos intermediários , no desenvolvimento. 
6. Não levar em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse; escreveu. 
7.Tomar cuidado com os vocábulos relatores, os que remetem a outros vocábulos do texto: pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc. 
8.A descontextualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor, desta maneira a resposta será mais consciente e segura. 
9.Interpretar um texto não é simplesmente saber o que se passa na cabeça do autor quando ele escreve seu texto. É, antes, inferir. Se eu disser: “Levei minha filha caçula ao parque.”, pode-se inferir que tenho mais de uma filha. Ou seja, inferir é retirar informações implícitas e explícitas do texto. E será com essas informações que o candidato irá resolver as questões de interpretação na prova. 
10.Há de se tomar cuidado, entretanto, com o que chamamos de “conhecimento de mundo”, que nada mais é do que aquilo que todos carregamos conosco, fruto do que aprendemos na escola, com os amigos, vendo televisão, enfim, vivendo. Isso porque muitas vezes uma questão leva o candidato a responder não o que está no texto, mas exatamente aquilo em que ele acredita. 
11. Se as alternativas forem muito parecidas grife com o lápis a parte que é diferente. Nosso cérebro trabalha melhor com uma quantidade menor de informações de cada vez. Grifando as partes diferentes você irá focar apenas na parte que é diferente, já que a parte que é igual não irá determinar a alternativa correta. Veja nas alternativas abaixo e entenderá o que quero dizer:
a) O suspeito chegou ao escritório às 9 da manhã.
b) O suspeito deixou ao escritório às 9 da manhã.
c) O suspeito deu uma saída às 9 da manhã mas voltou logo em seguida.
d) O suspeito ficou no escritório por 9 horas.
Agora que já grifou a parte diferente, precisa voltar ao texto e ver se há referência à manhã (se não houver, já elimina a, b e c, sobrando apenas d); se retornou (elimina a, b, d e sobra c); e assim por diante. 
12- Responda primeiro o que sabe. Ficar perdendo tempo com questões mais difíceis fará com que acabe errando as mais fáceis. Nosso emocional pode nos ajudar ou atrapalhar e nós é que decidimos o que vai ser. Leia e se não conseguir achar a resposta, marque um “x” ao lado das questões que não consegue responder de primeira, responda as outras e siga assim, “pulando” e marcando as mais difíceis e resolvendo as mais fáceis. Quando terminar com as fáceis, retorne às difíceis, se não puder responder, reduza a duas alternativas e chute. Se você não sabe não há como descobrir a resposta. 
13- Mantenha a calma. Não importa se o texto é longo, se é difícil, se há muitas questões. Desesperar-se só irá causar um bloqueio mental que o fará errar tudo e provocará o famoso e temido “branco”. Melhor responder calmamente (e corretamente) 70% das questões e chutar as outras (se não der tempo de resolver todas) do que fazer tudo às pressas e se enrolar todo. 
14- Atenção ao uso da paráfrase (reescritura do texto sem prejuízo do sentido original).
Veja o exemplo:
Frase original: Estava eu hoje cedo, parado em um sinal de trânsito, quando olho na esquina, próximo a uma porta, uma loirona a me olhar e eu olhava também.
A frase parafraseada é:
a) Parado em um sinal de trânsito hoje cedo, numa esquina, próximo a uma porta, eu olhei para uma loira e ela também me olhou.
b) Hoje cedo, eu estava parado em um sinal de trânsito, quando ao olhar para uma esquina, meus olhos deram com os olhos de uma loirona.
c) Hoje cedo, estava eu parado em um sinal de trânsito quando vi, numa esquina, próxima a uma porta, uma louraça a me olhar.
d) Estava eu hoje cedo parado em um sinal de trânsito, quando olho na esquina, próximo a uma porta, vejo uma loiraça a me olhar também.
Resposta: Letra C.

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