Com o avanço tecnológico ao longo dos anos, as relações interpessoais têm se tornado cada vez mais líquidas. Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, vive-se em uma época de artificialidade nas relações humanas e dessa forma, a lógica do imediatismo atinge até mesmo a questão da saúde. Com essa falta de empatia pelo outro, a desumanização no atendimento médico de pacientes tanto de redes públicas quanto particulares tem se tornado frequente.
Em primeiro lugar, cabe ressaltar a perda dos médicos ditos da “família”. Em grandes clássicos da literatura nacional e estrangeira, o exercício da medicina era retratado e reconhecido não só pelo seu “status” social, mas também pelo cuidado e atenção que o profissional tinha com as pessoas que precisavam de assistência e as respectivas famílias, tanto por analisar o contexto do enfermo quanto pela cura de sua doença, por exemplo, o marido de Madame Bovary na obra de Flaubert.
A medicina, porém, tomou um caminho técnico e frio. À medida que os recursos avançam no tratamento de doenças, os pacientes são cada vez mais tratados apenas como registros de identificação. A atenção individual que os profissionais dedicavam foi perdida ao acompanhar o ritmo da sociedade que busca rapidez e soluções impacientes. Logo, o médico deve saber aproveitar as altas tecnologias, mas também não se esquecer dos valores humanísticos e filosóficos da profissão.
Fica claro, portanto, que se deve investir em recuperar valores passados onde o paciente era tratado de forma mais humana, cuidar dele como uma vida única e respeitá-lo como um todo para poder tratar sua doença, também analisando o contexto de vida, cultural, psicológico e religioso em que aquela pessoa está inserida. Só assim, pode-se trazer de volta a visão de que médicos lidam com vidas e mostrar a Bauman que podemos recuperar valores perdidos no passado.
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