Maconha: manter proibição, legalizar, descriminalizar?
Há pelo menos dez anos, a ideia de combater o uso de drogas exclusivamente com a repressão penal e policial vem sendo questionada. Em especial, no que se refere à maconha, considerada por alguns uma "droga leve", embora esse conceito seja polêmico e não encontre respaldo científico. Para alguns, a maconha deveria ser descriminalizada, para que seus usuários sejam tratados no âmbito da saúde pública e não no policial. Outros vão além e falam em legalização, a qual seria uma solução para o tráfico e a violência que dele deriva. Muitos insistem na proibição, pois ser brando ou condescendente em relação à maconha não resolveria a questão do tráfico de outras drogas e abriria o caminho para elas. Como você se coloca diante dessa questão? Leia a seguir a opinião de políticos e profissionais de saúde sobre o tema, faça suas reflexões sobre elas e desenvolva uma dissertação argumentativa expondo qual é, no seu ponto de vista, a solução para este problema social.
ELABORE UMA DISSERTAÇÃO CONSIDERANDO AS IDEIAS A SEGUIR:
- Mãe participa de manifestação na Esplanada dos Ministérios em Brasília, em defesa da regulamentação da maconha no Brasil
Uruguai: uma aposta na legalização
O presidente uruguaio José Mujica afirma que a legalização da maconha no Uruguai é "um experimento" e que "os retrógrados que não querem mudar nada, certamente vão se surpreender."
Mujica disse que a repressão às drogas em seu país estava cada vez pior e agora ensaia "um caminho que é difícil, mas que pode deixar um pouco de conhecimento à humanidade".
“O fato é que há 25 anos estimávamos haver entre mil e 1,5 mil consumidores. Hoje temos 150 mil. Nestem 25 anos, reprimimos, prendemos, confiscamos cargas e o animal continua crescendo. Por isso mudamos a estratégia”, afirma o presidente.
Descriminalizar é complicado
A senhora é a favor da repressão mesmo no caso de drogas leves, como a maconha?
Dilma - Não conheço nenhum estudo que comprove que a droga leve não seja passo para outra. Esse é o problema. Num país com 50 milhões de jovens entre 15 e 29 anos, é complicado falar em descriminalização, a não ser que seja para fazer um controle social abusivo da droga. Não temos os instrumentos para fazer esse controle que outros países têm. A não ser que a gente tenha um avanço muito grande no controle social da droga, fazer um processo de descriminalização é um tiro no pé. O problema não é a maconha, mas é o crack. O crack é uma alternativa às drogas leves, médias, pesadas. Não é possível mais olhar pura e simplesmente para a maconha, que não é um caso tão extremo nem tão grave."
Legalizar não, mas descriminalizar
Trecho de entrevista do Dr. Dráuzio Varella com o Dr. Elisaldo Carlini, médico psicofarmacologista que trabalha no CEBRID, Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas, e é professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo.
Drauzio – Como você encara a legalização da maconha?
Elisaldo Carlini – Sou totalmente contra o uso e a legalização da maconha. No entanto, é necessário distinguir legalização de descriminalização. Quando falo em descriminalizar, não estou me referindo à droga. Estou me referindo a um comportamento humano, individual, que atinge o social. Quando falo em legalizar, falo de um objeto. Posso legalizar, por exemplo, o uso de determinado medicamento clandestino ou de um alimento qualquer desde que prove que eles não são prejudiciais à saúde.
Como a maconha faz mal para os pulmões, acarreta problemas de memória e, em alguns casos, leva à dependência, não deve ser legalizada. O que defendo é a descriminalização de uma conduta. Veja o seguinte exemplo: se alguém atirar um tijolo e ferir uma pessoa, não posso culpar o tijolo. Só posso criminalizar a conduta de quem o atirou. A mesma coisa acontece com a maconha. O problema é criminalizar seu uso e assumir as consequências da aplicação dessa lei.
Legalizar jamais
No entanto, é importante considerar que além do risco da dependência, da síndrome amotivacional, dos efeitos agudos e crônicos causados pelo uso da maconha, com a sua legalização provavelmente teremos muitos problemas parecidos com os causados pelas drogas lícitas (aquelas permitidas pela Lei), o álcool e o tabaco, cito como exemplo, o aumento dos acidentes de trânsito causado por pessoas sob efeito da substância.
Vale destacar ainda que o uso de drogas não prejudica só o dependente, é um problema que atinge toda família, a dependência química tem um poder destruidor sobre a vida dos familiares.
Para finalizar, sabemos que a maconha é a porta de entrada para outras drogas, entre elas o crack. A maconha é uma erva, mas, uma erva perigosa, que deve continuar sendo proibida. Ao invés de criar uma possível solução, legalizar seria gerar um novo e gravíssimo problema, legalizar jamais!
Observações
Seu texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa;
Deve ter uma estrutura dissertativa-argumentativa.
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