Essa canção, empregando a função metalinguística, apresenta o conceito de metáfora, uma figura bastante presente nos textos literários e nos textos do cotidiano. E por falar em conter, contido e incontível, observemos as figuras abaixo:
Quando empregamos as palavras para expressar ideias, podemos fazer isso usando os vocábulos no seu sentido real (denotação) ou desviar o sentido para dar mais expressividade ao texto, lançando mão do sentido figurado (conotação) e, nesse segundo caso, estarão em ação as chamadas figuras de linguagem.
Vamos começar o assunto de hoje pegando emprestadas da Matemática algumas ideias, especificamente da teoria dos conjuntos. As imagens acima servem bem para que visualizemos as três figuras de linguagem sobre as quais falaremos hoje: a comparação (ou símile), a metáfora e a metonímia.
Comparação
Observando a primeira figura constatamos que A = B, ou seja, as características de A também aparecem em B. Assim, quando verbalizamos essa semelhança, estamos estabelecendo uma comparação, como a que está presente nos versos abaixo:
A leveza está presente na felicidade e na pluma, o brilho também aparece tanto no sentimento quanto na gota de orvalho. Relacionando as características temos a conjunção como. Nas comparações sempre estão presentes os conectivos, para ligar as semelhanças presentes nos seres.
Metáfora
É uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece (não há conjunções), o autor espera que o leitor ‘desvende’ o implícito, com base no conhecimento de mundo que possui. Nos conjuntos, essa semelhança implícita aparece na intersecção, conforme a figura 2.
A = amor ; B = laço
A Intersecção com B = ação de prender
O que há em comum é que ambos prendem, mas é o leitor que precisa inferir isso. Quando o elemento em comum não faz parte do nosso conhecimento de mundo, ficamos impossibilitados de compreender totalmente a ideia do artista, o que dificulta inclusive a apreciação da obra (e a resolução de algumas questões nos exames e provas, daí a necessidade de ler bastante e ampliar cada vez mais o nosso repertório cultural).
Metonímia
Essa figura aparece quando um termo assume outro sentido, não real ou denotativo, por meio de uma associação de ideias tendo como base a contiguidade entre os elementos, ou seja, é uma analogia por sentidos próximos.
Na canção de Tom Jobim, ele empregou a marca, Rolleiflex, pelo equipamento, para fazer referência à máquina fotográfica. Mas pode ser também o autor pela obra (Adoro ler Machado de Assis); o lugar pelo produto (Meu primo gosta de fumar Havana e beber Paraty. – Havana = charuto e Paraty = cachaça) entre outras relações.
O emprego dessas figuras pode, sem dúvida nenhuma, enriquecer a produção textual, então, que tal experimentar?
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23 de abril de 2017
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