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1 de abril de 2017

TEMA DE REDAÇÃO

O debate sobre enfrentamento aos problemas das drogas ilícitas raramente vai além da necessidade da guerra ao consumo e aos traficantes e da internação de usuários. Qualquer coisa fora disso é difícil debater, seja nos veículos de comunicação, nos meios ditos especializados, nos parlamentos ou nos sistemas de segurança pública. A postura acaba até por reforçar o preconceito de quem ainda acha que o próprio usuário deve ser punido. Não por acaso, o preconceito move as ações policiais do dia a dia. Os usuários muitas vezes acabam presos e, por serem pobres, negros e periféricos, enquadrados como traficantes.
Nesse cenário, o grande traficante jamais aparece. E a polícia atua enxugando gelo, combatendo a base da pirâmide hierárquica do tráfico, enquanto o comércio de drogas concentra cada vez mais poder econômico, no Brasil e no mundo. “No Brasil, quem vai preso é o favelado da boca de fumo. As drogas produzem muito lucro, e o cara que ganha mais não está visível, é quem compra no atacado”, afirma o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), Cristiano Maronna. A entidade participou, em maio, do lançamento da Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD), com o objetivo de promover um debate mais realista do assunto e defender a descriminalização das drogas.
Falar em “economia das drogas” atualmente significa se reportar a uma indústria que terminou a primeira década do milênio com um faturamento anual de US$ 870 bilhões, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). A concentração no comércio de drogas ilegais corresponde a 1,5% de todas as riquezas produzidas no globo, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial, e movimenta 40% das demais frentes de negócios mantidas pelo crime organizado globalmente, como tráfico de armas, de pessoas e lavagem de dinheiro, entre outros, que giraram US$ 2,1 trilhões, ou 3,6% do PIB global, ainda segundo a Unodc, com base em dados do final da década passada.
A Unodc estima que cada US$ 1 investido da produção de psicoativos ilícitos – como maconha, cocaína, ecstasy, heroína – se transforma em US$ 7,3 com as vendas no atacado e em US$ 25 no varejo. Mas não é só nos números que os negócios com drogas são superlativos. Para chegar a esses resultados, em torno do mundo do narcotráfico giram técnicas de administração e estratégias de negócios de fazer inveja a qualquer setor regulamentado da economia.
A economista Taciana Santos de Souza adotou o tema “economia das drogas” para a sua tese de mestrado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), concluída neste ano. Segundo ela, o narcotráfico é uma indústria com grande capacidade de adaptação e inovação. “Constantemente, são criados novos processos de produção, novas substâncias psicoativas, novas rotas, novas formas de comercialização, novos insumos. A velocidade de inovação e adaptação é, antes de tudo, condição de sobrevivência e de crescimento dos negócios”, afirma.
O escritor italiano Roberto Saviano vai mais longe: “Não pode existir a criação de um poder econômico criminoso sem uma conivência e uma aliança com a burguesia saudável do país. É este o elo que precisa ser descrito. A periferia napolitana bomba dinheiro do centro da Itália”, afirma Saviano, que compara o fenômeno italiano com as favelas brasileiras – vulneráveis ao mundo criminoso brasileiro “bombam dinheiro da economia legal brasileira”, afirma, referindo-se à lavagem de dinheiro com o comércio de drogas.
Além da adoção de marcos regulatórios contra as práticas financeiras ilegais, a legalização das drogas tem despontado em diversos países como caminho efetivo para romper as cadeias de produção ilegais. “Eu apoio a legalização fortemente regulamentada pelo Estado”, afirma ­Taciana. “Essa é a minha perspectiva e que parte inicialmente da maconha, que é a substância psicoativa mais utilizada no mundo. No último relatório da ONU, em 2014, eles estimaram que, no ano de 2012, 177 milhões de pessoas no mundo fizeram uso de maconha, e por conta desse mercado consumidor vai ser o que mais vai movimentar dinheiro. Além disso, a maconha vai ter um padrão de uso que vai ter o menor risco, porque é uma substância psicoativa milenar, não há relatos de mortes por overdose, e principalmente porque a maconha é uma substância natural, e isso vai fazer diferença na cadeia produtiva das drogas.”
O texto acima fala sobre a economia existente no comércio de drogas. Tendo em conta as ideias do texto, além de outras informações que julgue relevantes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema “A economia por trás do uso de drogas: uma fonte de recursos?”.
Instruções:
  • A redação deve ser uma dissertação, escrita de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
  • Escreva, no mínimo, 25 linhas, com letra legível.
  • Não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.
  • Dê um título a sua redação.

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