Hoje, vamos ver algumas dicas importantes sobre regência verbal. Como sabemos, fazer uma boaredação no ENEM exige o domínio da norma padrão da língua escrita, logo, trabalhar corretamente com determinados verbos e seus respectivos complementos é fundamental.
CONCEITOS BÁSICOS:
Observem os exemplos a seguir:
I) Os brasileiros amam futebol.
II) Os brasileiros gostam de futebol.
Na primeira frase, o verbo “amar” exige um complemento (“futebol”) não preposicionado. Já na segunda sentença, percebemos que o verbo “gostar” exige um complemento preposicionado (“de futebol”). Logo, os verbos em destaque acima se diferem quanto à regência.
REGÊNCIA VERBAL: relação entre o verbo (termo regente) e seus possíveis complementos (termos regidos).
A REGÊNCIA E AS MARCAS DE ORALIDADE
São muito comuns erros de regência, visto que muitas formas cristalizadas na linguagem falada nãocondizem com a norma culta.
Vejam a imagem a seguir:
Reparem que há, na charge acima, um erro clássico de regência incluindo o verbo “chegar”. Esse verbo exige a preposição “A”, na indicação de destino e não “EM”, como muitos utilizam.
Vejam as construções a seguir:
Os brasileiros chegam a um destino incerto. (CORRETO)
Os brasileiros chegam em um destino incerto. (INCORRETO)
Além do “chegar”, selecionei alguns verbos que costumam gerar dúvidas:
- IMPLICAR
No sentido de acarretar, exige complemento sem preposição e não com a preposição “EM”, típica de construções informais.
Essa atitude implicará mudanças. (CORRETO)
Essa atitude implicará em mudanças. (INCORRETO)
Obs. O verbo implicar no sentido de “ter implicância” aceita a preposição COM.
Exemplo: O aluno implicava com seu colega de classe.
- IR
Aceita as preposições A ou PARA.
Iremos a Caxias hoje à tarde.
Iremos para o sul do país no final do ano.
SE LIGA!
Dependendo da preposição escolhida, percebemos uma pequena diferença semântica, ou seja, uma sutil mudança no sentido da frase. O uso da preposição “a”, nesse caso, dá uma ideia de “efemeridade”, algo “passageiro”; a preposição “para” conota “permanência”, “algo mais definitivo”.
- MORAR, RESIDIR
Trabalham com a preposição EM e não com a preposição A, como, algumas vezes, acontece.
Moro em Curitiba.
Resido no Rio de Janeiro.
- NAMORAR
É transitivo direto, não exigindo, portanto, nenhuma preposição.
Ela namorava o filho do meu advogado.
Atenção!
Maria namora com João. (Se “João” for o complemento verbal, a frase está gramaticamenteINCORRETA).
- OBEDECER
É transitivo indireto, exigindo a preposição A.
Devemos obedecer às leis.
- PREFERIR
Segundo a norma culta, o verbo preferir exige dois complementos: um sem preposição e o outro com a preposição A. Além disso, não se deve usar palavras como: mais, muito mais, antes, mil vezes, nem que ou do que.
Prefiro Português a Matemática. (CORRETO)
Prefiro muito mais Português do que Matemática. (INCORRETO)
- SER
É incorreta a construção ser + preposição EM. Logo:
Somos vinte. (CORRETO)
Somos em vinte. (INCORRETO)
- SIMPATIZAR
Exige a preposição COM.
Simpatizei com aquela professora.
SE LIGA!
O verbo simpatizar não é pronominal. Dessa forma, não existe "simpatizar-se", nem "antipatizar-se".
A minha mãe se simpatizou com meu novo namorado. (INCORRETO)
Vamos testar os conhecimentos da aula de hoje?
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Assinale a única alternativa em que não há erro de regência verbal:
a) Os funcionários chegaram cedo na empresa.
b) Com quem você namora?
c) Prefiro teatro do que cinema.
d) Os seus erros implicaram a sua demissão.
e) O empregado não obedeceu o chefe.
Comentários:
A única alternativa correta quanto à regência verbal é a letra “D”. Como vimos na aula de hoje, o verbo “implicar” no sentido de "gerar", "resultar" é transitivo direto. As demais alternativas apresentam erros. Corrigindo-os, teríamos:
a) Os funcionários chegaram cedo À empresa.
b) Quem você namora?
c) Prefiro teatro A cinema.
e) O empregado não obedeceu Ao chefe.
E aí, pessoal? Alguma dúvida? Gostaram das dicas?
Cuidado com certas construções frasais. A prova de linguagens do ENEM costuma cobrar conhecimentos sobre diferenças entre a linguagem falada e a escrita. Como vimos aqui, falhas de regência são comuns na oralidade. Portanto, fiquem atentos a tais regras e saibam utilizá-las corretamente na redação.
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