Mariana: fatalidade ou negligência?
No dia 5 de novembro passado, o rompimento de uma barragem de rejeitos da mineradora Samarco em Mariana (MG) provocou o que já pode ser considerado o maior desastre ambiental da história do Brasil. Na verdade, as consequências catastróficas do problema não se limitaram à região mineira onde o fato ocorreu, mas se estenderam por centenas de quilômetros, atingindo até o oceano Atlântico, no litoral do Espírito Santo. Contudo, até o momento pouco se sabe sobre as causas do acidente, que ainda não foram esclarecidas. Na coletânea de textos que compõe essa proposta de redação, você encontrará várias informações sobre a tragédia. Com base nesses textos, faça uma reflexão sobre o assunto e redija uma dissertação argumentativa, dizendo se o acontecimento pode ser considerado uma inexorável fatalidade ou ele poderia ter sido evitado, caso não houvesse negligência por parte dos envolvidos na atividade mineradora e na sua fiscalização. Justifique suas opiniões, defendendo seu ponto de vista.
ELABORE UMA DISSERTAÇÃO CONSIDERANDO AS IDEIAS A SEGUIR:
- Onda de lama invade o rio Doce na cidade de Resplendor (MG)
Comunicado n. 2 da Samarco
As barragens da Samarco são compostas por quatro estruturas: barragens de Germano, Fundão, Santarém e Cava de Germano. Todas possuem Licenças de Operação concedidas pela Superintendência Regional de Regularização Ambiental (SUPRAM) – órgão que, nos recorrentes processos de fiscalização, atesta o comportamento e a integridade das estruturas. A última fiscalização ocorreu em julho de 2015 e indicou que as barragens encontravam-se em totais condições de segurança. A Samarco também realiza inspeções próprias, conforme Lei Federal de Segurança de Barragens, e conta com equipe de operação em turno de 24 horas para manutenção e identificação, de forma imediata, de qualquer anormalidade.
[Samarco]
Perguntas sem respostas
Duas semanas após o rompimento de uma barragem de rejeitos de minério em Mariana (MG) ainda sobram perguntas sobre os responsáveis pelo que já é considerado o maior desastre ambiental do Brasil e a dimensão dos custos para lidar com suas consequências. A Samarco, empresa que opera o complexo de barragens na região, e suas acionistas, a brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, têm anunciado medidas de emergência para atender as populações locais e tentar reparar os já inúmeros danos ao meio ambiente. No entanto, faltam esclarecimentos sobre como avançam as investigações que vão determinar as razões do desastre. Entre as 48 notas publicadas pela mineradora Samarco em sua página oficial, apenas duas mencionam "investigações e estudos" sobre as causas do rompimento da barragem de Fundão.
Degradação democratizada
O evento de Mariana serviu para mostrar a negligência e a inoperância dos órgãos governamentais frente aos eventos desta natureza. Mesmo para quem não tem formação técnica, um simples passeio pela região mineradora e siderúrgica de Minas Gerais mostra a degradação ambiental em todas suas formas: uma forte contaminação atmosférica associada a um passivo ambiental visível nos solos e águas, onde a fiscalização pelos órgãos governamentais (DNPM e FEAM) fica muito aquém do esperado. Nestas regiões a riqueza é para poucos, enquanto que a degradação ambiental é democratizada. Se as Normas Reguladoras da Mineração estivessem sendo seguidas na sua totalidade pela Samarco, este evento não deveria ter ocorrido. Quando o mar de lama desceu como uma avalanche para atingir o rio Doce, levando tudo no seu caminho, o governo descobriu que não sabia como agir, e começou o festival de barbaridades que não deve terminar tão cedo. Ibama, Ministério Público Federal e Estadual, agências ambientais estaduais, concessionárias de água, aventureiros, cada um falando sua linguagem própria. Afinal, qual era mesmo o material contaminante?
A tragédia de Mariana
O diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, garante que a empresa cumpriu todas as exigências do programa de emergência aprovado pela prefeitura de Mariana e de outros órgãos que fiscalizam a atividade mineradora. As investigações verificarão se isso é certo. Mas desde já está claro que algumas questões intrigantes devem ser esclarecidas. A primeira, que deixou atônitos os que escaparam da tragédia, foi a forma como a população ameaçada foi alertada. Não por um sistema de sirene, mas por telefone, um instrumento limitado para tal emergência. A segunda é a existência de um estudo, feito há dois anos a pedido do Ministério Público Estadual, que alertava para o risco de rompimento das barragens de Fundão e Santarém. Segundo o promotor de Meio Ambiente Carlos Eduardo Ferreira Pinto, esse estudo foi entregue à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e à Samarco e, por isso, ele quer saber de ambas se alguma medida preventiva foi tomada com base nele. (...) Como mostra reportagem do Estado, 24 das 14.966 barragens catalogadas pela Agência Nacional de águas (ANA) são consideradas de alto risco pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). As probabilidades de novos acidentes é, portanto, bastante elevada, principalmente se se levar em conta que as barragens Fundão e Santarém eram consideradas de baixo risco.
Observações
Seu texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa;
Deve ter uma estrutura dissertativa-argumentativa;
Não deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração;
A redação deve ter no mínimo 25 e no máximo 30 linhas escritas;
De preferência, dê um título à sua redação
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